O réu confesso da morte da delegada Patrícia Neves Jackes Aires, afirmou em depoimento à polícia que reagiu a uma suposta agressão da vítima no momento em que a matou.
Tancredo Neves Feliciano de Arruda, disse ainda que o casal tinha brigado horas antes do crime, e que a delegada teria usado uma arma para ameaçá-lo.
Ele tem uma série de passagens pela polícia em seu histórico. Além de ter sido preso por agressões contra a vítima anteriormente, Tancredo Neves foi indiciado pela Polícia Civil por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica.
Além disso, o criminoso também já tinha sido detido por agressão a Patrícia em Santo Antônio de Jesus, onde a vítima trabalhava e residia. Em maio deste ano, o suspeito foi levado à delegacia com base na Lei Maria da Penha, depois de ter quebrado um dos dedos da esposa. A Justiça decretou uma medida protetiva em defesa da vítima, mas o casal se reconciliou e Tancredo Neves foi solto.
No depoimento à polícia, após a audiência de custódia, ele parece chorar ao lembrar da morte da delegada. “Não é legal lembrar, eu não sou um monstro, eu não sou um bicho. Foi o cinto, vei. Ela veio para cima de mim, nessa hora eu perdi a cabeça”, diz. Os policiais questionam como aconteceu a cena e ele diz que enrolou o cinto no pescoço da delegada e puxou para trás.
“Na noite do ocorrido, eu estava em santo antonio de jesus, eu já tinha falado com ela que eu queria embora. Não estava aguentando algumas situações. Patrícia é uma pessoa muito agressiva, sempre foi uma pessoa muito agressiva. Eu tinha feito a minha mala para sair de casa. Quando eu falei isso, ela não deixou, ela pegou a arma. Tanto que quando vocês chegaram [policiais], a arma estava lá em cima da mesa. Depois de tudo o que aconteceu em casa, ela se acalmou mais, a gente decidiu sair, ir para rua, ‘ah, vamos tentar de novo'”, disse.
Depois eles seguiram para dois restaurantes e, ao sair, segundo Tancredo, Patrícia resolveu que eles iriam para Salvador. Na estrada, enquanto dirigia, ele teria tentado discutir a relação novamente. “Quando passou do primeiro pedágio, ela estava dormindo e não aconteceu nada, ela acordou. E eu disse: ‘Patrícia, vamos aproveitar que estamos indo para Salvador, deixa eu passar um tempo lá’. E aí começou de novo com as ameaças, a gritaria. Mas eu não tinha medo das ameaças, mas nesse dia ela puxou o volante e a gente foi parar onde a gente parou. Ela puxou o volante e a gente entrou no mato, e ela disse: ‘Agora que eu vou botar para f* em você. Vou acabar com a sua vida, vou matar sua mãe, seu pai, sua filha, seu irmão’. Coisas que ela já fazia, inclusive por telefone. Tem todos os registros de quando eu tentei me afastar. Já foi atrás de mim em Salvador, em Itamaraju, e não foi a priemira vez. Patrícia não aceitava o término, e eu amava ela. Mas sempre voltava o mesmo lugar”, afirmou.
Depois, segundo ele, a delegada teria partido para cima dele, e ele a enforcou com o cinto. Tancredo diz ainda que não tinha certeza que a delegada estava morta e desceu do carro em direção à estrada. Foi nesse momento que teria decidido inventar a história do sequestro.
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